Francisco Alves
Patrono - Cadeira: 76
Nascido em 1898 no Rio de Janeiro, onde sempre viveu,
Francisco Alves era filho do imigrante português José Alves. Teve quatro
irmãos. José, o mais novo, morreu durante a epidemia de gripe espanhola.
Angela, a mais velha, foi quem lhe deu de presente o primeiro instrumento, um
violão. Por causa disso, conservou até o fim da vida o apelido de Chico Viola.
Mas também era conhecido como O Rei da Voz, título que
ganhou no programa de César de Alencar, na Rádio Nacional. Foi nessa emissora
que manteve também durante muitos anos um programa só seu, que ia ao ar ao
meio-dia. “Quanto os ponteiros do relógio se encontram, surge a voz de
Francisco Alves”, dizia a apresentação.
Antes de ser cantor, foi engraxate para ajudar a família,
que passava por dificuldades financeiras. Em seguida, trabalhou numa fábrica de
chapéus e durante algum tempo exerceu a profissão de taxista, chamado à época
de chofer de praça. Casou-se pela primeira vez em 1920, com Perpétua Troia, a
quem conheceu num cabaré da Lapa. Porém, ela não queria deixar a prostituição e
união demorou menos de um mês.
Decidido a ser cantor, fez o primeiro teste com o maestro
Antonio Lago, pai do ator Mário Lago. Foi aprovado, mas decidiu também fazer
aulas de canto com Santhe Athos, pois seu registro natural era de tenor, como
Vicente Celestino, mas tornou-se barítono. Os anos 30 foram os que reinou
absoluto na música brasileira, com sucessos como Se você Jurar.
Em 1939, foi o primeiro a gravar Aquarela do Brasil, criação
imortal de Ary Barroso. Na mesma época, fez vários duetos com Dalva de Oliveira
e com o Trio de Ouro, grupo ao qual a cantora pertencia. Foi o responsável pela
descoberta de muitos talentos, como Cartola e Lupicínio Rodrigues, mas em
vários registros aparecia também como autor, na verdade pagando a parceria.
Alves foi um grande cantor romântico, em canções como Boa
Noite Amor, Fracasso, Chuvas de Verão, Maria Rosa e tantas outras. Também ficou
conhecido por sambas patrióticos e pela Canção das Crianças. Refez a vida
amorosa com a atriz Célia Zenatti, com quem ficou casado por 28 anos. Morreu no
auge da fama, em setembro de 1952, na Via Dutra, quando o carro que dirigia, um
Buick bateu de frente com um caminhão na altura de Pindamonhangaba. Seu enterro
foi uma comoção geral.