César França

Patrono - Cadeira: 47

Um dos maiores declamadores de poemas do rádio brasileiro

Nasceu na fazenda Ponte Grande, município de São Francisco de Sales, em 21 de abril de 1916. Seus pais: Cristina Pádua Diniz e Sinval França, foi casado com Maria Umbelina de Oliveira França e com ela teve uma única filha: Márcia de Oliveira França Franco.

Estudioso, tinha uma vasta biblioteca super organizada. Como lia muito, sabia conversar sobre qualquer assunto, amava os assuntos como antigas civilizações e os mistérios ocultos do mundo. 

Considerada a voz de veludo do rádio ituiutabano, Cesar França deixou um grande legado para o rádio tijucano e para os artistas que estavam em início de carreira, pois a todos apoiava sempre com a mesma dedicação e cortesia, marcante em sua carreira. De Terno e Chapéu branco, uma marca registrada em sua forma de vestir, chegava meia hora antes de entrar no ar e iniciar muitos de seus programas. Possuía muitos irmãos e quando pequeno só pode usar sapatos aos 8 anos de idade por causa da precária condição econômica. No dia que ganhou os sapatos esses vieram com um terninho e uma gravata. Á partir daí despertou a grande paixão por essa vestimenta: terno, chapéu e gravata. Trabalhava muito, ajudava em casa mas, não ficou mais sem seu adorado terno. Combinava todos os detalhes da roupa com sapato e chapéu. Tornou-se exímio violinista cantando em serestas, tendo como exemplos Silvio Caldas, Ataulfo Alves, Orlando Silva entre tantos outros seresteiros. Seu círculo de amizade era de grandes artistas e músicos de todo o Brasil.

Um deles que apresentava ao vivo nos auditórios das Rádios Platina e Cancella, “Sertão do Meu Brasil, com apresentação de algumas duplas sertanejas de destaque, como: Os irmãos Oliveira (Iragi e Valtinho) Solevante e Soleni, a cantora Sueli, Trio Flor de Minas (Zezé, Tatão e Ribeirinho) e Marcio Ribeiro, que inclusive, assumiu o sobrenome “França”, Passando a chamar-se Marcio França (homenagem ao Cezar), pois recebeu do amigo Cezar França toda cobertura para se apresentar no Programa do Chacrinha, da TV Globo, no Rio de janeiro, tendo vencido o concurso, “O Melhor Calouro do Brasil”. E a partir daí tornou-se artista profissional fazendo por muito tempo grande sucesso.

Cesar França abria seus programas: “Bom dia, meus amigos da cidade e do campo, fazendeiros, pecuaristas, lavouristas, tratoristas e meninas moças, quem tem o prazer de lhes cumprimentar e esse amigo de vocês Cezar França”.

A marca registrada do Cesar era os poemas sertanejos que declamava, inclusive, possuía uma coleção de livros só de poemas, cada um mais bonito do que o outro. Um deles – “Lenço Preto”, que contava a história de um casal de namorados, (Rosinha e Lenço Preto), que no dia do casamento deles, descobriu-se que eles eram irmãos. Ele emocionava as pessoas, tamanha era sua eloquência e interpretação. “Senhor padre, encerre essa cerimônia agora, porque pela lei de Deus e pela lei dos homens é pecado e proibido, casar irmã com irmão. Esse era um trecho do poema que cansei de ver gente se emocionar e encher os olhos d’água, no auditório das emissoras, quando, o Cezar o declamava, tal era sua beleza.

Um outro poema que ele interpretava, e que deixava as pessoas arrepiadas era uma adaptação feita por ele mesmo, das músicas Cabocla Tereza e Chico Mulato, que narra a história de amor de Chico Mulato Pela Cabocla Tereza, músicas composta por João Pacifico e gravada inicialmente por Torres e Florêncio. Ele dava um verdadeiro show nessa declamação: Ah, seu moço eu vou contá, um causo triste que aconteceu no arraiá, uma historia de amor que o destino não quis deixá vigá, do amor de Chico Mulato por aquela Cabocla Tereza, que todo sertão se enamorou, mas que arrebentou coração de Chico, e essa caboclinha danada, desprezou esse amô, foi com seu cunhado, o irmão de Chico, seu rivá, se casá! Só sei esse pedacinho mais ou menos. Isso se perdeu com desencarne do nosso companheiro Cezar França.

 No Brasil, só existiu dois grandes declamadores de poemas sertanejos: Rolando Boldrin, que ainda vive e o inesquecível Cesar França, que acima de tudo, era um grande homem, de qualidades inquestionáveis.

Além de ser um dos maiores radialistas que já trabalhou nas emissoras de rádio desta cidade, Cesar França era também corretor de imóvel, um dos melhores desta região do Brasil central. Só vendia grandes fazendas, em várias regiões do país. Essa Frase é dele: “Imóvel meu amigo, você compra a valorização paga”. Ele afirmava em seus programas radiofônicos, “só perde quem dá escritura, rico é quem compra e recebe escritura, mesmo que temporariamente, tenha feito um mal negócio”.

Além de todas as qualidades já citadas, Cesar França era músico, compositor, cantor, diretor, produtor sertanejo, mas acima de tudo, era um grande homem, de qualidades morais inquestionáveis.

Uma das músicas compostas por ele e gravada pelo Trio da Vitória (Venâncio, Venancinho e Inhozinho): “Fortuna dos namorados”, sucesso em todo Brasil:

 “Embora a vida nunca venha ser o que sonhei! Embora a vida nunca venha ser o que espero! Pelo amor de Deus minha querida não me abandones!

Trabalhou nas três emissoras AM de Ituiutaba: Platina, Cancella e Difusora. Um dos mais alinhados e cultos radialistas.

Possuia uma linda voz e declamava belas poesias, no rádio, entre amigos, como o saudoso Altair Alves Ferreira (poeta) quem as ouvia emocionava. Buscava os infortúnios ocultos, na cidade: encontrando velhinhos, crianças, pessoas doentes, levando sua alegria, suas palavras sábias de consolo e entusiasmo e bens materiais diante das necessidades das famílias. Um homem de visão, sempre pronto a ajudar ao próximo. Uma alma sensível que contribuiu muito com a arte.

Faleceu em 08 de fevereiro de 2001