George Savalla Gomes - Palhaço CAREQUINHA
Patrono - Cadeira: 21
Nasceu em Rio Bonito-RJ, mas foi um ilustre morador da
cidade de São Gonçalo-RJ, lugar onde veio a falecer, em 2006. Além do
tradicional trabalho em circos, Carequinha atuou no rádio e na TV, onde fez
parte do elenco da Escolinha do Professor Raimundo. O palhaço também se
apresentou para diversos presidentes do Brasil, tais como Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, João Goulart, os Generais do Regime Militar e Fernando
Henrique Cardoso, de quem recebeu uma condecoração. Em 2015, o palhaço
Carequinha completaria cem anos de vida.
obre Carequinha - Quando pensamos em circo no Brasil,
fica impossível não lembrar da figura encantadora, doce e engraçada do palhaço
Carequinha, ídolo durante décadas da criançada obediente. Carequinha nasceu
George Savalla Gomes, no dia 18 de julho de 1915, na cidade de Rio Bonito, no
estado do Rio de Janeiro. Este fluminense, filho dos trapezistas Elisa Savalla
e Lázaro Gomes, teve a sina de nascer no circo, berço da história de vida daquele
que chegou a ser considerado o melhor palhaço do mundo.
Reza a lenda, contada por ele mesmo nas entrevistas ao longo de sua carreira,
que sua mãe sentiu as contrações do parto enquanto caminhava no arame, em pleno
picadeiro. Levada às pressas para as barracas que serviam de camarim, Elisa deu
à luz o filho nos bastidores do Circo Peruano, pertencente a José Rosa Savalla,
avô materno de George que, com 2 anos, perdeu o pai e foi criado pelo padrasto
Ozório Portilho que o encaminhou para a profissão de palhaço.
Quando George tinha 5 anos, Portilho colocou uma careca postiça em sua pequena
cabeça e disse: “Você será o palhaço Carequinha”. Este foi o ponto de partida
de um dos maiores mitos mundiais das artes circenses. E assim, com sua maneira
peculiar de fazer rir, Carequinha aos poucos foi conquistando o coração das
pessoas com bordões já imortalizados como: “Hoje tem marmelada? Tem, sim
senhor! E o palhaço, o que é? É ladrão de mulher!”.
Criou o tradicional “Tá certo ou não tá, garotada?”, que era respondido sempre
com um empolgante “Táááááá!”, em uníssono. Aliás, as crianças caíram
definitivamente nas graças de Carequinha quando ele se tornou o primeiro
palhaço a ter um programa de TV – o Circo Bombril, que ficou no ar de 1951 a
1964, na extinta TV Tupi no Rio de Janeiro – junto com os parceiros Fred,
Zumbi, Meio-Quilo e outros.
Carequinha inovou o conceito do palhaço no circo mundial. Tratado
anteriormente como bobo, ingênuo e imaturo, o palhaço, na sua interpretação,
ganhou novos ares: “Fiz uma nova escola. Antes de mim, o palhaço levava farinha
na cara, era o bobo, só apanhava. Eu fiz o palhaço-herói, modifiquei o estilo.
A intenção era fazer do palhaço um ídolo, e não um mártir”.
Em 1964, recebeu na Itália a medalha de ouro de Palhaço Moderno do Mundo.
Devido ao seu sucesso, Carequinha ficou famoso entre os presidentes brasileiros
e tornou-se amigo de Juscelino Kubitschek. Na década de 80, apresentou O
Circo Alegre, na TV Manchete, programa que antecedeu O Clube da Criança,
de Xuxa Meneghel. Em 2001, atuou na Escolinha do Professor Raimundo, da
Rede Globo. Gravou 27 LPs e participou de cinco filmes.
Foi um lutador na área circense, sempre citando em suas entrevistas a
necessidade da ajuda do Governo para a preservação do circo no Brasil. Por
ironia do destino, não conseguiu que nenhum dos filhos o seguisse na profissão.
Isto o fez cumprir a promessa de trabalhar até morrer. Carequinha faleceu aos
90 anos, no dia 5 de abril de 2006, no município de São Gonçalo (RJ), em
decorrência de problemas cardíacos. Ao conceder uma entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo, em 2001, Carequinha declarou: “O palhaço típico, aquele que
nasce com o dom, morre comigo”.
Seu último trabalho na televisão foi na Rede Globo, com uma participação
na minissérie Hoje é dia de Maria, em 2005.
Aos noventa anos, o artista morreu em sua casa em São Gonçalo, no
estado do Rio de Janeiro. Durante a madrugada, ele queixou-se de falta de
ar e dores no peito, e morreu antes de receber atendimento médico. Foi
enterrado no cemitério de São Miguel, na mesma cidade. Seu terno colorido, com
o qual sempre se apresentava em seus espetáculos, foi também posto no caixão e
assim enterrado juntamente com o corpo do artista.