Francisco Cândido Xavier (CHICO XAVIER)
Patrono - Cadeira: 16
Francisco de
Paula Cândido foi um dos maiores ícones espirituais brasileiros e, mesmo após
mais de 10 anos após a sua morte ainda atrai seguidores de norte a sul do país.
Com seu nome dado em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, mais tarde
veio a mudar de nome para Francisco Cândido Xavier, onde se popularizou como Chico
Xavier. Ele veio de uma humilde família católica do interior de Minas
Gerais, onde passou a maior parte de sua vida. Sua infância foi conturbada e
marcadas por abusos e reviravoltas, após o falecimento de sua mãe aos cinco
anos de idade, apenas um ano após o pequeno Chico ter manifestado seus
primeiros sinais de mediunidade. Com o trágico acontecimento, seu pai, um
humilde vendedor de bilhetes de loteria encontrou dificuldades em criar Chico e
seus outros nove irmão. Desse modo, seu pai tomou a difícil decisão de entregar
as crianças a alguns familiares, ficando Francisco aos cuidados de sua
madrinha, amiga de sua mãe; momento no qual se deu início um histórico de
abusos. Sob a tutela de sua madrinha, sofreu agressões diárias com a famosa
vara de marmelo, chegando inclusive a vesti-lo com trajes femininos durante as
agressões. Não o bastante, mais tarde a madrinha elevou o grau das agressões a
“garfadas” em seu abdome, não permitindo que Francisco os retirasse até que lhe
fosse ordenado. Segundo o próprio Chico Xavier, o que o mantia são eram as
conversas espirituais que tinha com sua falecida mãe, a qual o aconselhava a
ter fé e paciência.
O histórico de abusos só foi reduzido após um episódio com o outro filho
adotivo de sua madrinha. Conta-se que esse filho possuía uma ferida que jamais
se curava em sua perna e em uma dada ocasião, sua madrinha foi aconselhada por
uma benzedeira a tentar uma simpatia que consistia em pedir a outra criança –
no caso Francisco -, a lamber a tal ferida durante três sextas-feiras.
Francisco se recusou de início mas, ao se aconselhar com o espirito de sua mãe,
esta lhe disse para que o fizesse para apaziguar a ira de sua madrinha.
Francisco então o fez de modo que a ferida realmente foi curada e sua madrinha
também passou a trata-lo melhor.
Alguns anos depois, o pai de Francisco veio a casar-se novamente e então ele e seus irmãos foram novamente reunidos, nesta altura com sete anos de idade. Apesar do espírito de sua mãe parar de se manifestar durante essa época, seus dons mediúnicos continuaram a colocá-lo em situações complicadas, visto que vinha de uma família católica e de pouca instrução. Na escola houveram diversos episódios onde sua mediunidade foi posta em cheque sendo inclusive desafiado a produzir textos com seus dons; desafio que cumpriu com excelência, tendo inclusive recebido um prêmio por um de seus textos.
Preocupado com os dons de seu filho, o pai de Francisco o encaminhou para um padre, pensando até mesmo em interna-lo. O padre na ocasião disse que não era preciso e que tudo não passava de fantasias de crianças, aconselhando que o colocasse para trabalhar. Francisco foi levado a uma fábrica de tecidos, para atuar como operário, o que lhe deixou sequelas por toda a vida. Mais tarde, já com 16 anos de idade e ainda com manifestações mediúnicas – porém seguindo os preceitos do catolicismo -, veio seu contato mais profundo com o espiritismo. Nessa altura Francisco perdeu sua madrasta e teve de lidar com um caso de insanidade de sua irmã; foi então que se descobriu que a causa de tal insanidade tinha origem em uma obsessão espiritual e, aconselhado por um amigo, Chico iniciou-se nos estudos espíritas, abandonando o catolicismo e abraçando por completo a doutrina espírita.
Aconselhado pelo espírito de sua mãe a conhecer as obras de Allan Kardec, ali se deu início seu relacionamento com os ensinamentos e uma extensa lista de obras literárias escritas pela alcunha de Chico Xavier.
Foram mais de 450 livros psicografados, os quais venderam mais de 50 milhões de exemplares. Os direitos autorais de todo os livros foram cedidos em cartório pelo próprio Francisco Xavier para instituições de caridade. Ele é ainda hoje considerado um dos escritores brasileiros de maior sucesso comercial da história.
Chico Xavier também ficou conhecido por suas
inúmeras cartas psicografadas ao longo de sua vida; foram cerca de 10 mil
cartas, pelas quais jamais cobrou algum valor. Ele já recebeu diversas
homenagens em reconhecimento a sua obra e seu legado, tendo recebido em 2012 o
título de “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos” pelo SBT e pela BBC; em 1981
e 1982 chegou a concorrer na indicação pelo Prêmio Nobel da Paz. Seus
ensinamentos extrapolam os conceitos do espiritismo e é considerado por muitos
o maior líder espiritual do Brasil, principalmente pelo seu Estado natal, Minas
Gerais, o qual instituiu como homenagem a Comenda da Paz Chico Xavier,
premiação concedida à pessoas reconhecidas pelo seu trabalho em prol da paz e
do bem estar social. Chico Xavier veio a falecer em 2002 aos 92 anos de idade
de parada cardiorrespiratória. Em seu velório estavam presentes cerca de 120
mil pessoas. A data de seu falecimento também foi histórica pois, no mesmo dia
de seu falecimento o Brasil comemorava a conquista da Copa do Mundo de futebol
e, segundo relato de amigos, o próprio Francisco já havia afirmado que
“desencarnaria” em um dia de festa para todos os brasileiros.
Até as décadas anteriores à data de sua morte, Chico já havia fundado mais de 2
mil instituições de caridade, as quais mantinha graças aos direitos autorais de
seus livros e campanhas promovidas pelo próprio; o que só colabora para seu
reconhecimento como um grande filantropo brasileiro.