Eurípedes Barsanulfo
Patrono - Cadeira: 95
Nasceu em Sacramento, na região do Triângulo/Alto Paranaíba,
Estado de Minas Gerais, em 1º de maio de 1880. Filho de Hermógenes Ernesto de
Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, manifestou bem cedo profunda inteligência
e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências
de vidas pretéritas.
Ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para
o ensino, foi incumbido pelo seu mestre-escola de ensinar aos próprios
companheiros de sala de aula.
Respeitável representante político de sua comunidade,
tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo, tendo participado
ativamente da fundação do jornal Gazeta de Sacramento e do Liceu Sacramentano.
Logo, viu-se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação
quanto aos verdadeiros valores da vida.
Não foi, de pronto, um espírita. Por meio de um dos seus
tios, Mariano da Cunha (Tio Sinho) - de quem recebeu de presente o livro Depois
da Morte, de autoria de Léon Denis -, Eurípedes tomou conhecimento da
existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana.
Mariano fazia parte do grupo de pessoas que estudavam o Espiritismo na fazenda
Santa Maria, propriedade localizada a cerca de 14 km de Sacramento.
Na sexta-feira da Paixão do ano de 1904, Eurípedes
Barsanulfo, acompanhado do amigo José Martins Borges, foi assistir a uma sessão
espírita na Fazenda Santa Maria, segundo narra Corina Novelino no livro Eurípedes,
o Homem e a Missão.
Encantado com o que vira e sentira, dias depois, Eurípedes
volta a Santa Maria, onde assiste a nova sessão. Na ocasião, recebeu de Vicente
de Paulo uma mensagem que o convoca a assumir a Doutrina dos Espíritos. "Meu
filho, as portas de Sacramento vão fechar-se para você. Os amigos afastar-se-ão.
A própria família voltar-se-á. Mas, não se importe. Proclame sempre a Verdade,
porque, a partir desta hora, as responsabilidades de seu Espírito se ampliarão
ilimitadamente", dizia o benfeitor.
Eurípedes, então, retorna a Sacramento, procura o vigário da
Igreja Matriz onde prestava sua colaboração, e desliga-se da congregação Vicente
de Paulo, colocando à disposição o cargo de secretário da Irmandade. Voltou
totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando e estudando, por
todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas. É mal
entendido por familiares e amigos.
Diante da repercussão de tais acontecimentos, em poucos
dias, começou a sofrer as consequências de sua atitude incompreendida por
familiares e amigos. Persistiu lecionando e, entre as matérias, incluiu o
ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade, sendo
procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer-lhe dinheiro para que
voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos foram
retirados um a um.
Sob pressões e perseguições de toda ordem, Eurípedes
Barsanulfo sofreu forte trauma, retirando-se para tratamento e recuperação em
uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias faculdades
mediúnicas, em especial, a de cura. Um dos primeiros casos de cura ocorreu,
justamente, com sua própria mãe, que, restabelecida, se tornou valiosa
assessora em seus trabalhos.
A mediunidade de Eurípedes desenvolveu-se de forma notável,
espontânea e multiforme, como só acontece com espíritos especialmente
preparados para isto e que tenham uma missão especial, como a dele.
Desdobramento, vidência, psicofonia, psicografia, curas, efeitos físicos,
receituário foram surgindo e se tornando habituais em sua vivência.
A produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas
para Sacramento centenas de pessoas de outras regiões. A todos Barsanulfo
atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo, o lenitivo da fé e a
esperança renovada.
A capacidade de desdobramento era tão comum em sua vida, que
atendia enfermos que se encontravam em outros locais, entrando em transe e
indo, em espírito, aonde estes se encontravam.
No dia 1º de abril de 1907, Eurípedes fundou o Colégio
Allan Kardec. A instituição se tornou verdadeiro marco no campo da
educação, ensinando, entre outras disciplinas, Astronomia e Fundamentos da
Doutrina Espírita.
O educandário tornou-se conhecido em todo o Brasil, tendo
funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200
alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a fechar suas portas por
algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso
país.
Entre 1907 e 1912, Eurípedes Barsanulfo foi vereador de
Sacramento. Trabalhou, e muito, em beneficio da comunidade. Apesar de sua
dedicação aos pobres, não foi compreendido por gente da Igreja e acabou sendo
perseguido.
por ocasião da pavorosa pandemia de gripe espanhola que
assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição,
redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra muito antes de
invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da situação que ela
acarretaria.
Vitimado pela referida doença, Barsanulfo desencarnou às 18
horas do dia 1º de novembro de 1918, aos 38 anos de idade, rodeado de parentes,
amigos e discípulos. Manifestada em nosso continente, a gripe veio encontrá-lo
à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres. Havia
chegado ao término de sua missão terrena.