Aldemir Martins
Patrono - Cadeira: 4
O artista plástico Aldemir Martins nasceu em Ingazeiras, no
Vale do Cariri, Ceará em 8 de novembro de 1922. A sua vasta obra,
importantíssima para o panorama das artes plásticas no Brasil, pela qualidade
técnica e por interpretar o “ser” brasileiro, carrega a marca da paisagem e do
homem do nordeste.
O talento do artista se mostrou desde os tempos de colégio, em que foi
escolhido como orientador artístico da classe. Aldemir Martins serviu ao
exército de 1941 a 1945, sempre desenvolvendo sua obra nas horas livres. Chegou
até mesmo à curiosa patente de Cabo Pintor. Nesse tempo, freqüentou e estimulou
o meio artístico no Ceará, chegando a participar da criação do Grupo ARTYS e da
SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos, junto com outros pintores, como
Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira.
Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1946, para São Paulo. De espírito
inquieto, o gosto pela experiência de viajar e conhecer outras paragens é marca
do pintor, apaixonado que é pelo interior do Brasil. Em 1960/61, Aldemir
Martins morou em Roma, para logo retornar ao Brasil definitivamente.
O artista participou de diversas exposições, no país e no exterior, revelando
produção artística intensa e fecunda. Sua técnica passeia por várias formas de
expressão, compreendendo a pintura, gravura, desenho, cerâmica e escultura em
diferentes suportes. Aldemir Martins não recusa a inovação e não limita sua
obra, surpreendendo pela constante experimentação: o artista trabalhou com os
mais diferentes tipos de superfície, de pequenas madeiras para caixas de
charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados -
algumas vezes sem preparação da base de tela - até fôrmas de pizza, sem contudo
perder o forte registro que faz reconhecer a sua obra ao primeiro contato do
olhar.
Seus traços fortes e tons vibrantes imprimem vitalidade e força tais à sua
produção que a fazem inconfundível e, mais do que isso, significativa para um
povo que se percebe em suas pinturas e desenhos, sempre de forma a reelaborar
suas representações. Aldemir Martins pode ser definido como um artista
brasileiro por excelência. A natureza e a gente do Brasil são seus temas mais
presentes, pintados e compreendidos através da intuição e da memória afetiva.
Nos desenhos de cangaceiros, nos seus peixes, galos, cavalos, nas paisagens,
frutas e até na sua série de gatos, transparece uma brasilidade sem culpa que
extrapola o eixo temático e alcança as cores, as luzes, os traços e telas de
uma cultura.
Por isso mesmo, Aldemir é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos e mais
próximos do seu povo, transitando entre o meio artístico e o leigo e quebrando
barreiras que não podem mesmo limitar um artista que é a própria expressão de
uma coletividade.
Falece em 05 de Fevereiro de 2006, aos 83 anos, no Hospital São Luís em São
Paulo.
UMA BREVE CRONOLOGIA
1922 – Nasce em Ingazeiras, sertão do Cariri, Ceará , em 08 de novembro.
1942 – Funda o Grupo Artys e SCAP (Sociedade Cearense de Artistas Plásticos)
com Mário Barata, Barbosa Leite, Antonio Bandeira.
1943 – Salão de Abril – III Salão de Pintura do Ceará.
1945 – Muda-se para o Rio de Janeiro. Exposição coletiva na Galeria Askanasi –
RJ
1946 – Muda-se para São Paulo.
1947 – Exposição Coletiva 19 pintores – 3o. prêmio
1948 – Exposição na Galeria Domus, São Paulo, com Mário Gruber e Enrico
Camerini.
1951 – Prêmio de desenho na Bienal de São Paulo, com “O Cangaceiro”.
1953 – Pintores Brasileiros, Tóquio, Japão.
1954 – Gravuras Brasileira, Genebra, Suíça.
1955 – Bienal Internacional de Desenho e Gravura de Lugano, Suíça.- V Salão
Baiano de Artes Plásticas, Salvador, Bahia.
1956 – Medalha de Ouro no V Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro -
XXVIII Bienal de Veneza, Itália – Prêmio “Presidente Dei Consigli dei Ministeri”,
atribuído ao melhor desenhista internacional.
1957 – Exposição de gravuras no “Circolo dei Principi”, Roma, Itália, com Lívio
Abramo.
- VI Salão de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
1958 – Festival Internacional de Arte, Festival Galleries, Nova Iorque, Estados
Unidos.
- VIII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
1959 – Prêmio de viagem ao Exterior do VIII Salão de Arte Moderna do Rio de
Janeiro.
- Exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia.
1960 – Exposição coletiva Artistas Brasileiros e Americanos, Museu de Arte de
São Paulo.
1961 – Exposição de desenhos e litografias na Sociedade Nacional de Belas
Artes, em Lisboa, Portugal.
1962 – Exposição individual na Sala Nebili, Madri, Espanha.
- Exposição coletiva “Brasilianische Kunstler der Gegenwart”, Kassel, Alemanha.
1965 – Exposição individual no Instituto de Arte Contemporânea, Lima, Peru.
1968 – Primeiro prêmio por grafia na Bienal Internacional de Veneza de 1946 a
1966.
1970 – Panorama da Arte Atual Brasileira – Pintura 70, Museu de Arte Moderna de
São Paulo.
1975 - XIII Bienal de São Paulo – Sala Brasileira.
1978 - Retrospectiva 19 pintores, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1980 – Exposição circulante, coletiva, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
- Coletiva 48 artistas, na Pinacoteca do Estado, São Paulo.
1981 – Exposição de pinturas, desenhos e esculturas no Museu de Arte da Bahia.
1982 – Internacional Arte Expo, Estocolmo, Suécia.
1984 – Coletiva – A Cor e o Desenho no Brasil, Museu de Arte Moderna de São
Paulo.
- Individual de pintura, desenho e gravura – Arte Amazônica, Nova Iorque,
Estados Unidos.
- Tradição e Ruptura – Fundação Bienal de São Paulo.
1985 – Lançamento do livro “Aldemir Martins, Linha, Cor e Forma”.
1988 – Comemoração de 30 anos da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas
Plásticos - Fortaleza, Ceará.
- Os Muros de Maison Vogue, MASP – Museu de Arte de São Paulo
1989 – O Nordeste de Aldemir Martins, Espace Latin-American, Paris, França.